Descrição enviada pela equipe de projeto. A história deste edifício remontará ao século XIV. Na verdade, tudo indica que inicialmente seriam dois edifícios que evoluíram para a configuração actual. Durante o período almadino ganhou esta fachada neoclássica. No século XX a dupla Carlos Loureiro e Pádua Ramos desenharam-lhe uma escada modernista de uma elegância a toda a prova. Quando chegou a nossa vez, apenas nos restava respeitar todas estas camadas que tinham atingido ali um ponto de equilíbrio notável. Era um banco. Antes disso foi muitas coisas: escritórios de despachantes, de firmas de seguros, armazém. Casa nos primeiros tempos. Agora é um hotel. Amanhã não sabemos.
Sabemos, no entanto, que quem vier a seguir continuará a conseguir reconhecer no edifício esta linha do tempo. E se tudo correr bem, pouco se aperceberá de que nós ali estivemos. O edifício existente, em razoável estado de conservação, apresenta duas frentes. A principal orientada para a Rua do Infante Dom Henrique e a tardoz, para o edifício contíguo, a Alfândega Velha ou Casa do Infante (ano 1325), onde atualmente funciona o Arquivo Histórico Municipal do Porto, estando o nosso edifício encaixado num ângulo do torreão da primitiva alfândega, aproveitando a parede de pedra do mesmo.
A reconstituição da linha do tempo permite-nos perceber que, na verdade, não estamos perante um edifício, mas de dois edifícios que que foram evoluindo até se fundirem numa única edificação. O edifício inicial talvez tenha sido erguido em finais do século XIV, ou no século XV. Seguramente, só poderá ter sido erguido apenas após a "abertura" da Rua Nova, ou Rua Formosa (atual Rua do Infante), mandada abrir por D. João I (1357-1433). A proposta teve por base a pré-existência, a caracterização física do edifício e o novo programa, o qual prevê a manutenção da função de serviços, mas agora como unidade Hoteleira de 4 estrelas.
Devido ao facto de se tratar de um prédio que se encontrava em uso, o seu relativo bom estado de conservação actual permitiu-nos pensar numa intervenção pouco intrusiva, usando as modificações realizadas ao longo do século XX, nomeadamente a introdução de lajes de betão. Fez-se uma leitura crítica das várias camadas históricas incorporadas no edifício e adotaram-se soluções para uma transição sem grandes dramatismos da função “banco” para a função “hotel”. O fio condutor foi o de acrescentar elementos sem comprometer a presença das várias camadas históricas e fazê-lo de forma a garantir a reversibilidade da intervenção.
De um modo geral, foram preservadas as fachadas, a estrutura principal em alvenaria de pedra e todos os elementos decorativos originais, incluindo algumas inscrições de siglas medievais gravadas por pedreiros. Também é possível ver um arco que remontará à edificação original e uma escada oitocentista que se pretende manter, fazendo parte do espaço multifuncional desenhado neste piso. Optou-se por preservar, pelo seu valor arquitectónico, a escadaria introduzida na década de 70. As alterações prendem-se essencialmente com as divisões interiores e a organização do espaço para albergar a nova função. Serão melhoradas ainda as condições de conforto, adaptando o mesmo às exigências da função hoteleira.